
As ONGs Amigos da Terra Internacional e Greenpeace impetraram ação na Justiça de quatro cidades dos Estados Unidos contra um Banco e uma Corporação de Investimentos privados por dar apoio financeiro e seguro a projetos que aumentam a emissão de gases de efeito-estufa.
É a primeira vez que uma Corte desse país admite que pode ser iniciado um litígio judicial só para reclamar danos emergentes do aquecimento global.
Este é um fato de grande importância disse a Dra. Anna Petra Roge de Marzolini, – coordenadora nacional da Federação Amigos da Terra Argentina – devido a que desde que o Governo dos Estados Unidos manifestou sua negativa em ratificar o Protocolo de Quioto, e por extensão a comprometer-se a reduzir a emissão de gases de efeito-estufa. O objetivo da ação é submeter a julgamento os responsáveis pelas mudanças no clima.
A Corte da Califórnia considerou que ficou cabalmente provada a existência do aquecimento global, que os danos que este fenômeno produz afetaram os demandantes e que é indubitável que as emissões produzidas pelos projetos, cuja execução as entidades demandadas financiaram, contribuíram para o aumento da temperatura média e por extensão suas conseqüências.
A resolução judicial considera que as Instituições demandadas são responsáveis, devido a que os projetos que apóiam, são causantes diretos e indiretos pela emissão de aproximadamente 1,9 bilhão de toneladas de dióxido de carbono e metano anuais que equivalem a cerca de 8% das emissões mundiais e a 1/3 das dos Estados Unidos.
“Isto é só o começo” declarou a doutora Roge de Marzolini, já que não só deverão responder os países industrializados, que são responsáveis pela maior quantidade de emissões de gases que aumentam a temperatura global, mas também aqueles menos desenvolvidos que não tomam as medidas necessárias para advertir e prevenir as pessoas afetadas pelas conseqüências das mudanças climáticas, antecipadas pelo Painel Científico Internacional, como inundações, aumento das precipitações, aumento da intensidade das secas, entre outras.
Mais informação:
www.amigosdelatierra.org.ar
Mais Katrinas a caminho?

Agência FAPESP
Tal qual os terremotos, que são medidos pela escala Richter, os furacões também são classificados. Com base na intensidade, a escala Saffir-Simpson classifica o fenômeno em números de 1 a 5, baseado no potencial de destruição esperado. A velocidade é o fator determinante da escala.
O Katrina, que alagou Nova Orleans e parte do sul dos Estados Unidos no final de agosto, era da categoria 5, a mais forte de todas – com ventos superiores a 249 km/h. Foi o quarto da categoria no país desde que os furacões começaram a ser medidos. O último havia sido o Andrew, que matou pelo menos 43 pessoas em 1992, na Flórida.
Um novo estudo indica que os furacões estão cada vez mais fortes. Segundo a pesquisa, feita por cientistas do Instituto de Tecnologia da Geórgia (Georgia Tech) e do Centro Nacional para Pesquisas Atmosféricas (NCAR), o número de furacões das categorias 4 e 5 praticamente dobrou em todo o mundo nos últimos 35 anos.
O estudo também mostra que o total de furacões diminuiu desde 1990 e que o aumento na quantidade de exemplos nas categorias mais fortes coincide com a elevação nas temperaturas da superfície oceânica. Os resultados da análise estão publicados na edição de 16 de setembro da revista Science.
Os autores são Peter Webster, Judith Curry e Hai-Ru Chang, do Georgia Tech, e Gred Holland, do NCAR. Eles estudaram o número, a duração e a intensidade de furacões registrados em todo o mundo de 1970 a 2004. O estudo teve apoio do National Science Foundation (NSF).
“Os resultados são perturbadores. Na década de 1970, temos uma média anual de dez furacões nas categorias 4 e 5, em todo o mundo. Desde 1990, o número praticamente dobrou, para 18”, disse Webster, em comunicado conjunto da NCAR, Georgia Tech e NSF.
A quantidade de furacões mais fortes em relação ao total também tem aumentado. “Os das categorias 4 e 5 respondiam por 20% do total nos anos 70, mas na última década somaram 35%”, conta Judith Curry.
O maior aumento no número de furacões intensos foi verificado no norte e sudoeste do Oceano Pacífico e no norte e sul do Índico. Houve também uma pequena elevação no Atlântico Norte.
Segundo os autores do estudo, há uma estreita relação entre o aumento nas temperaturas oceânicas e nas intensidades dos furacões. “Mas não é uma relação simples, pois é difícil explicar por que o total de furacões e sua longevidade diminuíram na última década”, disse Judith.
A única região do planeta onde os furacões estão mais numerosos e duradores, especialmente desde 1995, é no Atlântico Norte. A região experimentou uma média anual entre oito e nove desses fenômenos na última década, em comparação com os seis ou sete do período anterior.
Os cientistas trabalham agora para tentar determinar o papel dos furacões no clima global. “O que eles mais fazem é esfriar os oceanos, ao evapor a água e redistribuír o calor para altitudes mais elevadas”, explica Webster.
Segundo o pesquisador, o problema é que não se sabe como funciona a evaporação oceânica em casos em que os ventos sopram a mais de 160 km/h, como nos furacões. Esse entendimento, diz, é fundamental para relacionar as variações nas intensidades do fenômeno com as mudanças climáticas.
“Se conseguirmos entender por que o mundo tem cerca de 85 furacões com nome [só os mais fortes são nomeados] por ano e não, por exemplo, 200, ou 25, então poderemos dizer se o que estamos vendo é consistente, e esperado, num cenário de aquecimento global”, afirma Webster. “Sem essa compreensão, previsões sobre números e intensidades de tempestades tropicais num mundo mais quente no futuro serão meras extrapolações estatísticas.”
O artigo Changes in tropical cyclone number, duration, and intensity in a warming environment pode ser lido no site da Science, em www.sciencemag.org.
O temor das seguradoras

Texto publicado dia 24/09 na Coluna Informe Econômico do Jornal do Brasil:
“O aquecimento global deixou de ser tema exclusivo de documentários científicos ou do cinema-catástrofe e já preocupa executivos das maiores companhais de seguros do planeta. Semana passada, o assunto dominou as discussões no principal congresso anual do setor, realizado no principado de Mônaco. O consenso, ainda não amparado pela ciência, é de que a ação humana está provocando aumento na incidência de furacões das categorias 4 e 5 (mais potentes), o que fez crescer exponencialmente os gastos com sinistros.
O furacão Katrina, que praticamente varreu Nova Orleans do mapa americano, deverá custar às seguradoras algo entre US$ 40 bilhões e US$ 60 bilhões, mais do que o dobro do estimado inicialmente.
Michela Aimar, analista da corretora do ABN Amro Real, destaca em relatório que resseguradoras caribenhas sofrerão impacto de até 46% de seu patrimônio líquido e que, em muitos casos, os prejuízos atravessam o Oceano: a Swiss-Re, por exemplo, estima perdas de US$ 1,2 bilhão, ou 7% de seu patrimônio líquido, com o Katrina.
Nos últimos 35 anos, a temperatura média no Atlântico subiu 0,5 grau. No mesmo período, o percentual de furacões dos tipos 4 e 5 subiu de 15% para 35% do total. Não por acaso, as grandes seguradoras mundiais, especialmente na Europa, vêm premiando empresas preocupadas com o meio ambiente, que ajudam na redução das emissões de gases que provocam o efeito-estufa.
”Nos pesadelos dos seguradores dos países ocidentais, o risco de desastres naturais se alterna ao risco de atentados terroristas. Curiosamente, este último também pode se considerar em boa parte resultado de (ou pelo menos agravado por) políticas voltadas a assegurar o controle econômico de recursos naturais não-renováveis, em uma ótica não-sustentável”, assinala Michela.
Resta saber se o governo dos EUA, maiores poluidores do planeta, terá o mesmo grau de conscientização.
Pesquisa Aguaonline
Veja nos links abaixo matérias já publicadas sobre o tema: efeito-estufa.
Edição 103 – Urgência para a ratificação do Protocolo de Quioto
Edição 124 – O lado bom de Quioto
Edição 189 – PNUMA adverte sobre perdas causadas pelas mudanças climáticas
Edição 192 – Aquecimento é ameaça para a flora e a fauna
Edição 193 – Fórum de Davos lança registro de gases de efeito-estufa
Edição 229 – Algas e fictoplanton em perigo
Edição 260 – Efeito-estufa preocupa empresas do setor financeiro
Edição 268 – O que estamos aprendendo de Quioto..

Praguicida alternativo
Thiago Romero – Agência FAPESP
Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) desenvolveram um novo praguicida a partir da mistura de açúcar e óleo de soja. Durante os primeiros testes em laboratório, o produto mostrou eficiência no combate a algumas pragas agrícolas. Além disso, a substância tem baixo custo de produção e pequeno impacto ambiental.
O pesticida foi produzido a partir de reações químicas entre a sacarose da cana-de-açúcar, o óleo de soja e um catalisador. “O catalisador é um produto químico que simplesmente acelera a mistura dos dois elementos, gerando um terceiro produto conhecido como éster de sacarose”, explicou Reinaldo José Fazzio Feres, um dos coordenadores da pesquisa, à Agência FAPESP.
Após sua obtenção, o produto é dissolvido em água em diferentes proporções, dependendo da praga que se deseja atingir. “O segredo está em testar diferentes concentrações do éster de sacarose antes de utilizá-lo. É preciso definir a dosagem para cada tipo de praga”, conta Feres.
Resultados promissores foram verificados em laboratório no combate aos ácaros Calacarus heveae, que afeta seringueiras, e Tetranychus ogmophallus, praga do amendoim e de plantas ornamentais. Nos dois casos, o produto apresentou uma eficácia de até 93%. Nos testes com insetos, a substância eliminou entre 90% e 100% das populações da lagarta-do-cartucho-do-milho e da mosca-branca, que ataca mais de 700 espécies de plantas.
“Aparentemente, o produto é bastante eficiente, mas apenas sucessivos testes em campo poderão comprovar esses resultados, por conta da existência de uma grande quantidade de abrigos no ambiente natural, como galhos e folhas”, disse Feres. “Uma primeira aplicação em campo do produto já foi feita em um pomar comercial de citros com resultados bastante animadores.”
O pesquisador conta que, no campo, após a aplicação do praguicida numa proporção de 5 gramas de éster por litro de água, o índice de infestação do ácaro da leprose dos citros (Brevipalpus phoenicis) caiu de 7,5% para 2,5%. “O mais interessante foi que, com uma concentração de 10 gramas de éster por litro, a infestação de 7,5% foi reduzida a zero”, comemora Feres.
Segundo ele, além de os números comprovarem a eficácia do novo praguicida, outra grande vantagem é seu baixo custo de produção. Com cerca de R$ 5,00 é possível adquirir açúcar e óleo de soja em quantidade suficiente para produzir 1 quilo do produto. “Ao ser diluído em água, esse volume pode render até 200 litros”, explica.
Além disso, por ser formulado basicamente por ésteres de sacarose, substâncias naturais derivadas do açúcar e utilizadas, por exemplo, na produção de alimentos sem gordura, o produto não oferece risco para a saúde humana e não afeta o desenvolvimento da planta.
Os trabalhos foram realizados por uma equipe coordenada por Feres e pelo professor Mauricio Boscolo, do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce), em São José do Rio Preto, e Odair Aparecido Fernandes, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV), em Jaboticabal.

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