O bom exemplo das indústrias

As peças aqui

reproduzidas

integram a

campanha interna

da Ambev

Cecy Oliveira – especial de São Paulo (*)

Com o senso de pragmatismo peculiar no ramo dos negócios muitas indústrias vislumbraram há pelo menos 20 anos que a água seria um insumo valorizado no século XXI. Muitas delas foram buscar tecnologias limpas como forma de garantir seus lucros e acabaram descobrindo novos negócios e hoje usufruem a vantagem de um marketing ambiental que pode significar também a conquista de novos mercados.

Foi assim também com as indústrias de bebidas onde a água corresponde a mais de 90% dos insumos. Milton Seligman, da Ambev, e que representou o Centro Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDes), no evento do SenacSP, revelou que desde a década de 80 as empresas começaram a se preocupar com a sustentabilidade e a buscar formas de reduzir os custos com a água.

Segundo ele, há dez anos eram utilizados 10 litros de água na produção de um litro de cerveja. Hoje, a média mundial é de 4 litros de água para cada litro de cerveja produzido mas o Brasil já é modelo. Na fábrica da Ambev, em Curitiba, já foi alcançada a marca de 3,32 litros de água para cada litro de cerveja produzido. Essa performance representou, entre 2003 e 2004, uma economia de água suficiente para abastecer uma cidade de 60 mil habitantes.

A economia obtida nos processos de produção da 30 fábricas da Ambev está baseada em metas rigorosas para cada setor e no controle permanente do consumo de água, conforme explica a gerente corporativa de Meio Ambiente, Beatriz Botelho de Oliveira.

O trabalho da Ambev é focado no combate ao desperdício e uso equilibrado da água. Todas as fábricas seguem uma cartilha, conhecida internamente como Mandamentos da Água, onde são destacadas práticas como a manutenção de equipamentos para impedir vazamentos e acompanhamento constante dos índices de cada uma das fábricas.

No que se refere ao tratamento dos efluentes as estações de tratamento têm capacidade de operar 200 mil m³/dia possibilitando o retorno a natureza de uma água que não comprometa os mananciais. Mais de 95% dos subprodutos do processo produtivo: cascas de grãos, detritos, sobras de rótulos, etc, são reaproveitados. A celulose das embalagens é usada na fabricação do papelão. Com a reciclagem a empresa vem tendo um faturamento extra que só em 2004 já obteve um incremento de 31% em relação ao ano anterior.

Na opinião de Beatriz Oliveira é fundamental conjugar desenvolvimento com sustentabilidade e isto os mais de 18 mil funcionários da empresa já aprenderam.

A respeito da participação dos representantes das indústrias nos Comitês de Bacias Seligman disse que ao contrário do que muitos imaginam as indústrias não defendem o afrouxamento dos parâmetros e exigências ambientais. “O que queremos é que as exigências sejam para todos os segmentos” – disse.

A editora da Aguaonline viajou a São Paulo a convite do Senac São Paulo.

A boa solução de Nova York

O diretor da Prisma – Fundación Programa Salvadoreño de Investigación sobre Desarrollo y Medio Ambiente, Herman Rosa, de El Salvador trouxe à Conferência o exemplo de Nova Iorque, onde a alternativa para garantir o abastecimento da metrópole foi negociada com a participação de diversos segmentos.

O programa, conhecido como WAP – Watershed Agricutural Program – foi financiado pela cidade de Nova Iorque e é administrado pelos fazendeiros da região hidrográfica que impedem que a terra seja degradada.

“Trata-se de uma visão partilhada sobre a terra entre os agricultores e a cidade”explica. Ali, diante da necessidade e possibilidade de ter que construir uma imensa estação de tratamento de água – que consumiria anualmente milhões de dólares somente na operação – a comunidade optou pela negociação com os agricultores, que detém 70% das áreas das três bacias hidrográficas que abastecem a cidade.

Segundo o pesquisador a escolha foi pela manutenção da qualidade das fontes em lugar despender recursos em grandes estações, com os inconvenientes de gastos de energia e geração de resíduos oriundos deste tratamento.

José Steban Castro ressalta a importância da responsabilidade coletiva sobre a questão da água. “Todos somos governantes e responsáveis pelo planeta”, proclama. Para ele a Governabilidade não é só uma questão administrativa mas deve trabalhar com valores.

Para conhecer em detalhes o programa desenvolvido em Nova York consulte: http://www.nycwatershed.org.

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