
Berkely, CA – O cientista Ashok Gadgil, do Lawrence Berkeley National Laboratory (Berkeley Lab) está desenvolvendo um caminho barato e efetivo para suprir agu segura para 60 milhões de habitantes de Bangladesh que vivem sob a ameaça de envenenamento por arsênico. Sua proposta é criar um filtro a base d cinza que se forma nos sistemas de aquecimento a carvão e que se acumulam nas estações geradoras a espera de serem descarregadas.
“É somente cinza de carvão e não fantasia”, diz Gadgil, um cientista do U.S. Department of Energy’s Berkeley Lab and its Environmental Energy Technologies Division. “Mas pode salvar muitas vidas.”
O problema do arsênico em Bangladesh é considerado o maior envenenamento em massa na história da humanidade atingindo cerca de 10% da população de 130 milhões dessa nação subdesenvolvida. Por razões ainda não totalmente entendidas os mananciais subterrâneos usadas para abastecimento das populações têm uma concentração perigosa de arsênico que se ingerido continuamente pode causar lesões, câncer e morte.
Apesar de ainda estar na fase de teste, a técnica de Gadgil envolveria adicionar à cinza um composto que atrai o arsênico, criar embalagens do tamanho de saquinhos de chá com a mistura, e distribuir os filtros pelo país, um por família por dia. Assim a água extraída de qualquer poço de Bangladesh poderia ser filtrada e consumida com segurança.
A cinza de carvão é composta de partículas que medem entre 1 e 10 microns de diâmetro, menores do que as do ar que respiramos (100 microns). Isto significa que um pequeno volume de pó trabalha uma grande área, maximizando a oportunidade de reações para atrair o arsênico. A cinza é também aquecida a 800 graus durante o processo de queima do carvão sendo portanto esterilizada de componentes patogênicos. É igualmente abundante. Usina a carvão produzem a maioria da energia elétrica na Índia,com a vantagem de que o tipo de carvão disponível que produz 40% de cinzas.
É difícil crer que uma pessoa, equipada apenas com um punhado de cinzas e poucos testes promissores de laboratório, possa atenuar uma catástrofe agindo do outro lado do mundo. Mas Gadgil persegue caminhos incomuns quando vê perspectivas de encontrar soluções viáveis para proporcionar benefícios como água segura para milhões de pessoas.
Depois de obter algumas amostras de cinza da Índia, ele formou o Team Arsenic, que inclui outros cientistas do Berkeley Lab, como Lara Gundel, Yanbo Pang, Christie Galitsky, Duo Wang, e Anna Blumstein. Eles desenvolveram uma estratégia para envolver cada partícula com hidróxido férrico, um elemento químico que reage com o arsênico produzindo a precipitação. Os testes iniciais indicam que esse tratamento dado à cinza produz um poderoso filtro. Ao operar com uma água de teste adicionada de arsênico [2400 parts per billion (ppb)] o filtro baixou o teor para 10 ppb. Os padrões de Bangladesh para a água potável são de 50 ppb.
Gadgil avalia que 5 gramas deste material podem produzir cerca de 15 litros de água potável a partir dos poços de Bangladesh — cuja média de concentração de arsênico é de 400 ppb. Em outras palavras, um filtro do tamanho de um saquinho de chá pode proporcionar água potável para uma família de seis pessoas por dia. Ele também estima que essa técnica vai custar cerca de US$ 0,30 por pessoa/ano.
Outras aplicações
Em novembro, ele recebeu um prêmio do San Jose’s (CA) Tech Museum of Innovation, que homenageia pessoas que utilizam a tecnologia para ajudar a humanidade, por desenvolver um sistema de purificação de água que mata as bactérias utilizando luz ultravioleta.
O sistema, chamado UV Waterworks e comercializado pela WaterHealth International, Inc., é usado diariamente por cerca de 300.000 pessoas no México, nas Filipinas e em muitos outros países. Outros beneficiados deverão ser os países afetados pelo tsunami como a Sri Lanka e a Índia.
O programa California Energy Commission’s Public Interest Energy Research recentemente deu a Gadgil US$250.000 para explorar uma variante desta técnica de modo a possibilitar que o Estado possa cumprir as exigências da EPA (Environmental Protection Agency) para que até 2006 toda a água nos Estados Unidos esteja com teores mais baixos de arsênico (de 50 ppb para 10 ppb). Atualmente, 600.000 californianos consomem água com concentrações acima de 10 ppb.
Gadgil quer determinar qual o tipo de carvão produzido nos Estado Unidos pode ser usado em sistemas de abastecimento para pequenas comunidades. Os resultados iniciais parecem promissores.
Atualmente, o custo da remoção do arsênico em pequenas comunidades consome cerca de US$ 58 a US$327 por usuário/ano. Gadgil estima que seu método possa baixar esse valor para menos de US $1 por usuário/ano, sem incluir o custo do reator que atualmente retira o arsênico da água.
O Berkeley Lab é um laboratório do U.S. Department of Energy, localizado em Berkeley, Califórnia, para pesquisas sob a supervisão da Universidade da Califórnia. O endereço é: www.lbl.gov.
Fonte: Berkeley Lab
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