FIEMA aproxima mercado e produção

A Feira Internacional de Ecologia e Meio Ambiente – FIEMA BRASIL 2004, realizada na cidade gaúcha de Bento Gonçalves, de 9 a 13 de novembro, consagrou a troca informação como uma das principais ferramentas para promover a preservação ambiental. Os organizadores conceberam a feira de forma a contemplar os diferentes públicos: jovens, empresários e comunidade científica.

Nesta primeira edição a FIEMA contabilizou um público de cerca de 11 mil visitantes, de 10 estados brasileiros e 15 países, e 200 expositores, entre empresas nacionais e estrangeiras. A próxima edição da feira já está programada para maio de 2006 e a previsão é dobrar o número de expositores.

No interior da FIEMA, um dos grandes diferenciais foi a diversidade. O visitante encontrou desde equipamentos pesados como um reciclador de concreto, que reutiliza materiais de construção civil, a um singelo presépio feito a partir de materiais reaproveitados.

Uma companhia italiana apresentou um triturador de pneus para o aproveitamento integral do aço na metalurgia e da borracha na confecção de pisos e asfalto. Além do pneu, o equipamento também tritura ferro, cobre, madeira e alumínio. Uma empresa gaúcha mostrou um equipamento nacional totalmente patenteado, que otimiza em até sete vezes o consumo convencional de energia elétrica para o aquecimento de água.

Outra empresa de soluções na área de processamento demonstrou o processo de reciclagem das embalagens longa vida. No estande era possível conhecer várias possibilidades de produtos confeccionados a partir do alumínio retirado das embalagens, tais como móveis (armários e cadeiras). Atualmente, 20% das embalagens longa vida no Brasil são recicladas. Em 2000, o índice era de 13% e o preço da tonelada pago às cooperativas de catadores era de R$ 50,00. Hoje, os recicladores pagam cerca de R$ 250,00 por tonelada, o que comprova a geração de valor na cadeia de reciclagem.

A diversidade da Feira incluiu a apresentação de tecnologias para tratamentos e disposição final dos resíduos da indústria, residências e empresas de saúde, através da reciclagem, reuso e sistemas para promover a redução do uso das matérias-primas.

A Rodada de Negócios promovida pela Comissão Européia encerrou na quarta-feira, dia 10, com um balanço de 390 encontros realizados entre 100 empresários da América Latina (México, Argentina, Chile) e da Europa (Alemanha, Holanda, Itália, Espanha, Irlanda e Finlândia) e dezenas de visitas técnicas a empresas de Bento Gonçalves.

Ainda sem um balanço do volume de negócios realizados na FIEMA BRASIL 2004, o presidente da feira, Juarez José Piva, avalia que o saldo geral foi “mais do que positivo”. “Sabemos que em feira a maioria dos negócios se concretiza a curto e médio prazo e eles já estão se realizando. Nosso objetivo foi o de promover a difusão das informações e tecnologias para a preservação ambiental e, neste sentido, fomos além do esperado, segundo nos relataram os próprios expositores, participantes do Workshop e das rodadas de negócios e os parceiros no trabalho de educação ambiental. Entendemos que assim estamos cumprindo a nossa responsabilidade social de difundir tecnologias e conscientização ambientais para que outros também possam fazer a sua parte na preservação”, afirmou.

A FiemaBrasil foi promovida pela Associação Bento-gonçalvense de Proteção ao Ambiente Natural (Abepan),com o objetivo de conscientizar para o uso de tecnologias limpas e para um desenvolvimento sustentável.

Um dos diferenciais da FiemaBrasil 2004 foram as iniciativas paralelas para promover a conscientização de crianças e jovens. O trabalho de educação ambiental envolveu a presença, durante o período da feira, de um dos mais destacados projetos itinerantes sobre meio ambiente do Brasil, o Promusit – Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC/RS).

O Workshop de Tecnologias Ambientais, realizado em paralelo à feira, abordou 60 diferentes temas para difundir conhecimentos técnicos, através de palestras, apresentação de cases e grupos de trabalho, e firmar parcerias entre empresas e pesquisadores.

“Eventos normalmente são dedicados a objetivos empresariais ou à difusão do conhecimento científico. Neste caso conseguimos uma interação que de um lado promoveu a transferência de tecnologia das áreas de pesquisa e, por outro lado, permitiu conhecer de perto as demandas da área empresarial”, concluiu a coordenadora do Workshop, Ana Rosa Costa Muniz.

Entre os exemplos de interação está o da delegação carioca da Casa da Moeda, que participou do Workshop em busca de soluções para a borra de tinta, um resíduo tóxico gerado durante a impressão das cédulas de dinheiro. “Atualmente dispomos 90 toneladas/ano de borra de tinta em aterros industriais. Nos interessamos muito pelas pesquisas de pirólise para este resíduo, que estão sendo desenvolvidas pela Universidade de Caxias do Sul”, afirmou Roberto Barcia Ogando, chefe da divisão de Pesquisas da Casa da Moeda, do Rio de Janeiro.

Fonte: Assessoria de Comunicação da Fiema

Proteção para a pele

Dinorah Ereno, da revista Pesquisa FAPESP

A pariparoba, um arbusto originário da Mata Atlântica, mostrou em estudos realizados na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Universidade de São Paulo atividade protetora contra os raios ultravioleta do tipo UVB, os mais lesivos para a pele.

A descoberta resultou em um pedido de patente e interessou à empresa Natura, que disputou e venceu a licitação de concessão de licença para utilização do extrato da raiz no desenvolvimento de produtos de uso cosmético (gel, creme, filtro solar), com exclusividade para o Brasil e o exterior, realizada pelo Grupo de Assessoramento ao Desenvolvimento de Inventos (Gadi), da universidade.

“O potencial antioxidante da molécula encontrada na pariparoba, responsável por proteger a pele dos radicais livres, chamou a atenção da Natura”, diz Jean Luc Gesztesi, pesquisador da área de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa. “Por isso temos a firme intenção de usar o extrato em produtos cosméticos.”

Por enquanto ainda não há data prevista de lançamento, porque o desenvolvimento de um produto demora de seis meses a dois anos. Mas a empresa já tem contrato com um produtor para fornecer o extrato da raiz da pariparoba (Pothomorphe umbellata) dentro de algumas especificações, como a porcentagem exata do princípio ativo. A padronização é importante para garantir que a resposta do extrato vegetal seja sempre a mesma, característica chamada de reprodutibilidade.

“A pariparoba é usada há muito tempo pela medicina popular para tratamento de má digestão, doenças do fígado, como icterícia, e queimaduras”, diz a professora Silvia Berlanga de Moraes Barros, orientadora de Cristina Dislich Ropke na tese de doutorado, financiada pela FAPESP, que levou à descoberta da atividade fotoprotetora da planta da família das piperáceas, encontrada principalmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e sul da Bahia.

As pesquisas com a pariparoba começaram, na realidade, com uma investigação sobre a atividade de proteção hepática atribuída à planta, que não foi concluída. “Um olhar mais detalhado sobre a pariparoba mostrou que ela apresentava uma substância que já havia sido descrita pelo grupo de fitoquímica do Instituto de Química da USP em 1981”, relata Silvia.

Veja a reportagem completa em: na edição 105 da revista de Pesquisa FAPESP .

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