Buscando água em locais de difícil acesso

Anne Purkiss – London Press Service

Um método revolucionário para detectar lençóis de água subterrâneos foi desenvolvido na Inglaterra. Ken O’Hara-Dhand, estudante da área de pesquisa com doutorado qualificado, projetou o equipamento que utiliza um efeito eletrocinético.

Trata-se de uma técnica não-invasiva – diferente dos métodos convencionais – que pode produzir um resultado instantâneo na tela. Como resultado da sua pesquisa, ele desenvolveu uma nova ferramenta de pesquisa do solo, a qual torna os testes de campo em profundidades maiores, mais baratos e mais exatos do que os equipamentos existentes.

Em reconhecimento à sua pesquisa – desenvolvida na Universidade Nottingham Trent, English Midlands – O’Hara-Dhand recebeu, no início deste ano, o Prêmio Thames Water de Inovação durante uma recepção na House of Commons em Londres. Seu trabalho será de especial importância para países em desenvolvimento onde o acesso rápido e fácil a novas fontes de água não é apenas vital para abastecer populações em crescimento, mas é também, em geral, a chave para o desenvolvimento econômico.

Um importante recurso da nova ferramenta é uma antena que pode ser posicionada bem em cima da área de terra que deve ser investigada. Usando um efeito eletrocinético, ondas sonoras são emitidas em direção ao solo tocando uma placa de plástico composto.

A frente de onda caminha verticalmente pelo solo e nos locais onde encontra um lençol de água, ela será refratada nessa camada. As cargas elétricas no solo são agitadas depois que as ondas sonoras passam através de uma interface entre o solo não impregnado acima do lençol de água e o solo impregnado abaixo.

Isto causa um pequeno, porém mensurável, fluxo de corrente que, por sua vez, gera uma onda eletromagnética muito similar àquela usada para transmitir sinais de rádio ou de TV. A antena acima do solo detecta esse sinal e, com o uso de um laptop, os dados eletrocinéticos podem ser analisados no próprio ponto para determinar a profundidade do lençol de água. Atualmente, a profundidade de detecção alcança 30 metros e espera-se que ela possa ser ampliada.

Como explicou Ken O’Hara-Dhand: “Quando existe umidade abaixo do solo, tal como um lençol de água, uma carga elétrica negativa fica armazenada nas pequenas partículas de pedra ou no solo na interface entre a água completamente impregnada e a região não impregnada”.

“As ondas sonoras atravessam a interface entre a região seca e a região impregnada com água e são refratadas causando um movimento nas partículas. Isto, então, dá margem a um distúrbio de carga, causando o fluxo de uma pequena corrente elétrica, a qual, por sua vez, gera uma onda eletromagnética que pode ser detectada na superfície do solo”.

Depois de concluir sua pesquisa sobre o assunto e apresentar sua tese, no final deste ano, O’Hara-Dhand planeja desenvolver a ferramenta como empreendimento comercial para um mercado mais amplo.

Contato:lorna.mcclement@ntu.ac.uk

Novo papel para o lixo

David Welsh

Cientistas do reino Unido estão planejando recuperar terra contaminada usando o lixo doméstico com uma nova técnica para combater a crescente crise dos aterros sanitários.

Os primeiros testes de campo estão sendo executados em Yorkshire, norte da Inglaterra, com a técnica conhecida como Biostore, a qual combina lama de esgoto estabilizada com lixo industrial, tal como carvão vegetal e lixo de demolição, para criar terra sólida apropriada para fundações de construção. Essa técnica foi desenvolvida por cientistas do Imperial College de Londres.

Com a Inglaterra e o País de Gales produzindo 400 milhões de toneladas de lixo por ano e 0,8% do solo do Reino Unido considerado contaminado, a Biostore fornece não apenas uma alternativa em potencial para os aterros sanitários tradicionais como também oferece a possibilidade de reutilizar locais da terra barrenta (anteriormente descartada) em vez de cultivar terra gramada.

O sistema tem base em uma idéia antiga de recuperar pedaços de carvão usando formulações de solo artificial, porém dá um passo à frente, utilizando o espaço deixado entre as partículas de cascalho compactado. Preenchendo esses 20 a 25% de volume com cascalho estabilizado e isolando a mistura composta do ambiente externo, os pesquisadores esperam demonstrar que é possível criar um solo estável apropriado para as fundações dos edifícios.

“Acredito que uma das grandes preocupações que a maioria das pessoas expressam quando explicamos o projeto são as espécies de odores envolvidos e se o esgoto não representa nenhum risco” afirmou a Dra. Irina Tarasova, do Departamento de Ciências e Engenharia do Solo do Imperial College, uma das pesquisadoras do projeto. “Contudo, temos demonstrado que a utilização adequada dos materiais estabilizados, dispostos em argila alinhada com uma borda de cascalho para desviar as águas pluviais, proporciona a formação rápida de uma massa composta muito impermeável e isolante. A estrutura resultante é similar à terra não-utilizada, porém com a vantagem de que ela possui estabilidade e drenagem planejadas”.

O Dr. Bill Dudeney, líder do projeto, acrescenta: “A idéia por trás da Biostore é relativamente simples – porém somente com mudanças na legislação e na percepção do público é que teremos um forte incentivo para buscar essas novas soluções para tratamento do lixo. Por exemplo, uma única aplicação de Biostore poderia, em princípio, tratar todo o lodo que sai anualmente dos esgotos de uma grande cidade”.

“Entretanto, antes que qualquer aplicação em grande escala possa ser feita, serão necessários levantamentos de locais apropriados e o estabelecimento de uma estrutura normativa aceitável em colaboração com os Órgãos de Proteção Ambiental. Nossos parceiros de pesquisa, a British Geological Survey a o Clean Rivers Trust, estão contribuindo com tais tarefas.

Tendo desempenhado com sucesso estudos de apoio em laboratório, a equipe do Imperial College vem somando forças com empresas de gerenciamento de lixo como a Biffa Waste Services e a Yorkshire Water Services – uma das maiores empresas de abastecimento de água do mundo – na execução de testes de campo em três locais de Yorkshire.

Contato: j.h.moore@imperial.ac.uk

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