
Michael Boyd, London Press Service
A nova parceria do Reino Unido, formada entre a Romag Holdings e a BP Solar, pretende desenvolver painéis de vidro que produzam energia renovável. Essa aliança foi lançada oficialmente pelo ministro da Energia britânico, Stephen Timms, na fábrica de Leadgate da Romag, em Durham, Inglaterra. Em termos práticos, isso significa que o sonho do edifício comercial que gera sua própria eletricidade por meio de células solares presentes nos vidros agora está muito próximo de virar realidade.
A Romag, fabricante especializado em vidros laminados especiais, vem trabalhando com a BP Solar para desenvolver um vidro fotovoltaico (PV) que possa ser incorporado à estrutura de uma construção. Depois disso, a empresa planeja instalar uma linha de produção de 2,5 milhões de libras esterlinas para fabricar painéis de vidro que incorporem as células solares fornecidas pela BP Solar.
“Isso marca o início de uma promissora indústria manufatureira na região nordeste da Inglaterra, além de ser um exemplo da resposta positiva dos negócios em relação ao desafio da energia renovável”, disse Stephen Timms no anúncio formal da parceria.
No ano passado, o governo do Reino Unido publicou o White Paper sobre Energia (documento de políticas), assinalando uma alteração fundamental no modo como o país produziria a energia no futuro. Stephen Timms disse que os renováveis serão um componente vital da combinação de energias e que “o desenvolvimento de fotovoltaicos é parte essencial disso”.
A importância do uso de fontes de energia sustentáveis está cada vez maior, e diversas grandes instalações no Reino Unido já estão usando a tecnologia PV com grande êxito. A eletricidade solar pode ser incorporada ao projeto das construções de várias maneiras diferentes e, trabalhando com os melhores arquitetos, a BP Solar é pioneira na integração de painéis solares em projetos arquitetônicos.
Para a indústria de construção, com a integração das respectivas tecnologias da Romag e da BP Solar, é muito importante a criação de uma série genuína de produtos para edifícios que seja econômica e esteja amplamente disponível.
Os novos painéis solares de vidro serão de fácil instalação e atenderão ao objetivo duplo de substituir os materiais vítreos convencionais ao mesmo tempo em que utilizam energia da luz natural para produzir uma energia limpa. Eles podem fazer com que uma porcentagem substancial das necessidades máximas de energia de um edifício dependa da aplicação e da área coberta.
O produto também reduzirá as emissões de dióxido de carbono e, do ponto de vista arquitetural, oferecerá recursos impressionantes de design; ao tomar o lugar do material de construção original, reduz o custo de colocação a tecnologia solar.
“Ao integrar os recursos da Romag e da BP Solar, as tecnologias resultantes oferecerão uma ampla escolha para designers e arquitetos”, disse o líder da unidade européia de desempenho da BP Solar, Charles Postles. “O produto é de simples manuseio para os instaladores e, uma vez instalado, necessita de muito pouca manutenção. Isso prova que as tecnologias estão disponíveis para disponibilizarem sistemas de energia solar práticos e econômicos”.
Lyn Miles, presidente executiva da Romag, disse: “Esse anúncio vem depois de seis anos de colaboração entre a Romag e a BP Solar, sendo o início de um período muito animador para nós. Nossa intenção de investir em uma nova instalação de manufatura no nordeste britânico é uma boa notícia não apenas para a Romag, mas também para a região”.
A Romag é fabricante de compostos de vidro à prova de impacto e balas. A empresa fabrica uma série de produtos para os mercados de transporte e arquitetura para proteger pessoas contra diversos riscos e ameaças. Dentre os consumidores estão a BAA, a BP, a Securicor, diversos departamentos governamentais e muitas sociedades bancárias e de construção.
Pesquisas buscam substituto da fibra de vidro
Thiago Romero – Agência FAPESP
A fibra extraída de uma planta nativa da Amazônia pode substituir a fibra de vidro convencional com vantagens ambientais e econômicas. Esta é a conclusão de um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que teve início com o projeto de uma aluna do Instituto de Química (IQ), Karen Fermoselli, premiada no XI Congresso Interno de Iniciação Científica da universidade, realizado em 2003.
“A fibra de curauá (Ananas erectifolius) tem um custo inferior e densidade menor do que a fibra de vidro, além de ser obtida por meio de fontes renováveis e ser biodegradável”, disse o coordenador da pesquisa e professor do IQ, Marco Aurélio De Paoli, à Agência FAPESP.
Segundo o pesquisador a fibra de vidro demanda um alto consumo energético para ser produzida, maior custo e maior agressão ambiental. O estudo feito em Campinas comprovou que o plástico reforçado com a fibra de curauá, planta da família das bromeliáceas, é mais leve do que o plástico com fibra de vidro. Por conta disso, peças de automóveis produzidas com a fibra vegetal, por exemplo, tendem a ser mais leves, reduzindo o peso total e o consumo de combustível do veículo.
“A indústria automobilística sempre buscou substituir materiais resistentes por peças mais leves. E, neste ponto, nós verificamos mais um benefício ao meio ambiente, pois se o carro consumir menos combustível, a emissão de gases será menor”, disse De Paoli. Segundo o pesquisador, fabricantes de automóveis já estão usando a fibra vegetal em reforços de plásticos.
Como funcionam
Basicamente, os PVs são dispositivos semicondutores em estado sólido que convertem a luz diretamente em eletricidade. Eles normalmente são feitos de silício com traços de outros elementos e são parentes próximos dos transistores, LEDs e outros dispositivos eletrônicos.
Embora a fabricação de células e módulos PV requeira uma tecnologia avançada, o uso deles é bastante simples. Os módulos PV em geral são dispositivos de CC de baixa voltagem (embora possam ser feitas estruturas com mais de um módulo PV para voltagens mais altas) sem partes móveis ou passíveis de desgaste. Uma vez instalado, a estrutura PV em geral não requer manutenção além de uma limpeza ocasional, e até mesmo isso não é obrigatório.
Existem dois tipos de sistemas PV: os sistemas de conexão em grade agora são as aplicações PV que mais rápido crescem nos países mais desenvolvidos, funcionando em conjunto com as redes de fornecimento de energia por meio de inversores que convertem a eletricidade de CC, vinda do painel solar, em CA. Os sistemas que ficam longe das grades, em locais remotos, ou nas áreas onde não há energia usam baterias e um dispositivo eletrônico de carregamento com os painéis solares, proporcionando o fornecimento de energia auto-sustentável.
O dispositivo PV (geralmente chamado de célula solar) é formado por camadas de materiais semicondutores com diferentes propriedades eletrônicas. Em uma típica célula de silício cristalino da BP Solar, a maior parte do material é o próprio silício, dopado com uma pequena quantidade de boro para conferir um caráter positivo ou tipo p. Uma fina camada na parte frontal da célula é dopada com fósforo para conferir um caráter negativo ou tipo n. A interface entre essas duas camadas possui um campo elétrico e é chamada de junção.
À medida que os fótons de luz fluem através do circuito externo, eles abrem mão da energia deles, produzindo eletricidade em CC. O processo PV é auto-contido e ocorre em estado completamente sólido. Não há partes móveis nem materiais para serem consumidos ou emitidos.
Os fotovoltaicos provavelmente constituem o método mais benigno de geração de energia conhecido. Eles são silenciosos, não produzem emissões e não usam combustível. A BP Solar faz extenso uso de materiais reciclados, usando até mesmo os descartes de outras indústrias como matéria-prima.
A tecnologia PV da BP Solar se baseia em silício, o segundo elemento mais comum na superfície terrestre. Da forma que é utilizado em módulos PV, o silício não é tóxico. Um módulo PV da BP Solar é capaz de regenerar a energia utilizada em seu processo de fabricação em de um a quatro anos, dependendo da aplicação e do local.
Curauá
O curauá é bastante conhecido no Baixo Amazonas, região oeste do Pará, onde foram feitos os primeiros plantios em escala comercial. Cada planta produz entre 20 e 24 folhas, proporcionando aproximadamente dois quilos de fibra.
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