
O Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) está estudando a incorporação de pó de granito e também de restos de borracha na produção de materiais cerâmicos, como blocos e telhas. Uma das metas é a fabricação de tijolos para populações de baixo poder aquisitivo da Região Nordeste. A pesquisa é subsidiada pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), dentro do Programa Habitare,
Para indústrias da Paraíba, Pernambuco e Ceará, a venda de blocos de granito é uma importante atividade econômica. N entanto, é também uma fonte de impacto ambiental, devido ao pó resultante do processo de serragem e polimento dos blocos. Apesar da falta de levantamentos precisos, em Campina Grande apenas uma empresa produz 35 toneladas de pó a cada mês. Estimativas indicam a produção de 500 a 600 toneladas/mês.
De acordo com um dos integrantes do projeto “Utilização de resíduos industriais para confecção de tijolos e telhas”, professor José Wallace Barbosa do Nascimento, a análise granulométrica do pó de granito mostrou-se compatível para incorporação na cerâmica. A avaliação da composição química também trouxe resultados positivos. A presença de ferro no pó é superior a 5%, o que provoca uma coloração mais avermelhada dos blocos cerâmicos – na avaliação dos pesquisadores, um atrativo para o mercado. Do ponto de vista ambiental, a análise química mostrou que a constituição do pó é compatível com as normas, sendo inerte e não tóxico.
Como conclusões preliminares, os pesquisadores afirmam que pó e serragem de granito apresenta um bom comportamento para uso na construção. Os testes mostraram que há possibilidade de incorporação de até 50% de resíduo em massa nos blocos cerâmicos. Com base em estudos anteriores e normas da ABNT, todas as massas que foram estudadas com a incorporação dos
resíduos podem ser utilizadas para fabricação de blocos maciços, blocos furados e telhas.
Agora a pesquisa passa da fase laboratorial de produção dos primeiros blocos com adição do pó de granito para testes de produção junto a empresas
locais. Na primeira fase da pesquisa as empresas Cindera, Poligram e Caxambu foram parceiras no desenvolvimento dos estudos. A equipe também está em negociação com a prefeitura local para construção de um protótipo.
Os resultados preliminares mostram que o resíduo em pó da borracha mostrou-se mais adequado para moldagem de tijolos do que o resíduo em forma granular. Para aproveitamento das aparas e sua trituração, foi construída pelo Centro Tecnológico uma peneira que está apresentando bons resultados. “Nossa filosofia é gerar uma tecnologia simples”, ressalta o professor.
Mais informações:
Prof. José Wallace Barbosa do Nascimento – wallace@deag.ufcg.edu.br
Programa Habitare/FINEP http://habitare.infohab.org.br
Ultravioleta limpa ar condicionado
Pessoas que trabalham em escritórios podem evitar a gripe ou outras doenças comuns se os sistemas de ar condicionado nesses ambientes incorporarem dispositivos que emitem radiação ultravioleta para matar bactérias e fungos. A conclusão é de estudo de cientistas canadenses da Universidade McGill publicado na revista The Lancet.
De acordo com o estudo, cerca de 70% dos trabalhadores em nações industrializadas ocupam escritórios com ar condicionado e costumam apresentar sintomas de problemas respiratórios, bem como irritação das membranas mucosas da garganta, nariz ou olhos.
Os pesquisadores, liderados por Dick Menzies, do Montreal Chest Institute, que pertence à universidade canadense, realizaram diversos testes com 771 voluntários, durante 48 semanas. Após um período inicial de 12 semanas, um sistema com radiação ultravioleta germicida foi utilizado por 4 semanas. A seqüência foi repetida por duas vezes.
Os trabalhadores que inicialmente estavam com algum tipo de problema tiveram uma redução de 40% nos sintomas respiratórios e 30% nos sintomas relacionados às mucosas. De acordo com os cientistas, os benefícios foram maiores para os não fumantes, que tiveram uma redução de 50% nas reclamações de problemas musculares.
“A instalação do ultravioleta germicida pode resolver sintomas típicos de escritórios, provocados pela contaminação por micróbios de sistemas de ventilação, aquecimento ou ar condicionado, para cerca de 4 milhões de pessoas, apenas na América do Norte”, disse Menzies em comunicado distribuído pela The Lancet.
Fonte: Agência Fapesp
Resíduos de calçados
Outra frente de pesquisa do Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal de Campina Grande dentro do Programa Habitare é o estudo para utilização do resíduo da indústria de calçados na confecção de tijolos de solo-cimento-borracha.
Quarto pólo calçadista do país, Campina Grande produz 140 milhões de pares de sandálias. As aparas, restos de borracha, e um pó, resultante do lixamento das sandálias, também são produzidos em grande quantidade. O objetivo do projeto é
pesquisar a potencialidade desses resíduos na confecção de tijolos.
“Nossa meta é a produção de tijolos para populações de baixo poder aquisitivo do Nordeste”, explica o professor. “Atualmente parte desse pó é vendido para a
indústria de cimento, e outra parte é queimada em fornos, o que pode levar à chuva ácida”, preocupa-se o pesquisador. O resíduo foi testado na forma granular e em pó, nas proporções de 10, 20, 40 e 50% para produção de blocos. O cimento foi usado nas proporções de 6, 8 e 10%, visando tornar o produto mais acessível.

Custo
Os cientistas da Universidade McGill estimaram o custo de instalação dos sistemas antimicrobianos. Para um prédio de escritórios com 11.148 m², com 1.000 ocupantes, a instalação sairia por US$ 52 mil e os gastos anuais seriam de US$ 14 mil, em eletricidade e manutenção.
“O custo por trabalhador, se comparado com a perda para as empresas devido a faltas relacionadas a doenças típicas de quem trabalha em escritório, é altamente compensador”, diz Menzies.
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