Promover uma indústria mais limpa em benefício de todos

A indústria, que é um motor essencial de crescimento econômico e elemento crítico para a consecução das Metas de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas, requer recursos suficientes de água de boa qualidade como matéria prima básica.

Se estima que o uso anual global de água por parte da indústria aumente de uma quantidade aproximada de 725 km³ em1995 a 1.170 km³ em 2025. O uso industrial representará então 24% do consumo total de água. Grande parte deste aumento se efetivará naqueles países em desenvolvimento que se encontram atualmente em fase de crescimento industrial acelerado.

Os indicadores que servem para medir o efeito que tem a indústria sobre a água não são ainda suficientemente confiáveis porque se baseiam freqüentemente em dados incompletos, indiretos ou incompatíveis.

Com o objetivo de melhorar a avaliação que a indústria faz da água, o Informe sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos no Mundo propõe relacionar o consumo industrial de água com o valor agregado obtido.

O aumento previsto da demanda industrial de água poderá ser atendido somente se se articulam dois elementos: uma oferta corretamente analisada e uma gestão racional da demanda, tanto no setor público como no privado. A demanda desempenha um importante papel quanto à eficiência da água utilizada nos processos industriais e na diminuição da carga contaminante de efluentes vertidos pela indústria.

Cidades: necessidades divergentes

Cerca de 48% da população mundial atual vive em povoados e cidades. Em 2030 a proporção será de ao redor de 60%. A lógica do processo de urbanização

é clara: o maior crescimento econômico maior urbanização, tal como tem acontecido nos últimos 40 anos. As aglomerações urbanas contam geralmente com os recursos econômicos necessários para instalar sistemas de abastecimento de água e esgoto. Por outro lado, no entanto, concentram os despejos. Quando a gestão dos resíduos é precária ou inexistente, as cidades se transforma nos locais mais perigosos que existem no mundo.

A boa gestão da água nas cidades é uma tarefa complexa que requer, por um lado, a gestão integrada dos suprimentos de água tanto para necessidades domésticas como industriais, o controle da contaminação e o tratamento das águas residuais, assim como a gestão do caudal pluviométrico

(incluindo a água de tormentas), a prevenção de inundações e o uso sustentável dos recursos hídricos. Cabe acrescentar, ainda, a cooperação com outras administrações que ou a fonte de águas subterrâneas.

O Informe global de avaliação do suprimento de água e de esgoto, publicado em 2000 pela OMS e Unicef, especifica que um suprimento

razoável de água deve corresponder a 20 litros mínimos por pessoa e por dia, procedentes de uma instalação situada a menos de um quilômetro da casa do usuário.

Mais que uma definição sobre o acesso apropriado, estas indicações servem como referência para efeito de controle. Por exemplo, em um assentamento precário densamente povoado (100.000 habitantes), este tipo de acesso não pode ser considerado suficiente. A confiabilidade e regularidade do abastecimento urbano de água em países de baixa renda deixam muito a desejar, a água é de má qualidade e seu preço proibitivo quando se é comprada de vendedores de rua. No que concerne ao esgoto, as latrinas de fossa e os banheiros compartilhados não são realmente adequados em zonas urbanas. Freqüentemente estão com má manutenção e sujos, fica difícil o uso pelas crianças e o preço para uma família pobre é inacessível.

É difícil contar com dados exatos sobre a qualidade e existência de suprimento de água e esgoto nas cidades de muitos países de baixa renda. Parece que os dados nacionais oficiais proporcionados para vários estudos exageram as cifras

O que está claro é que quando existe abastecimento

de água e esgoto, a saúde melhora em proporções espetaculares.

Os avanços maiores se produzem quando se passa da falta absoluta de serviços aos serviços básicos e, em continuação, quando se estendem os serviços às casas individualmente.

Para melhorar o suprimento de água, o esgoto e o controle das inundações nas cidades, é necessário tomar uma série de medidas. A existência de bons serviços sanitários é primordial, já que se trata de empresas públicas, semi-privadas ou privadas, sujeitas a uma regulamentação adequada.

Também é essencial contar com uma regulamentação razoável de urbanismo e de loteamento para controlar a expansão industrial e de habitações.

O controle das extrações de água e dos efluentes contaminantes resulta também imprescindível, assim como uma boa gestão da bacia para minimizar as perturbações ecológicas e aproveitar melhor os recursos. Para as zonas suburbanas é recomendável criar as condições necessárias a fim de que as comunidades e as ONGs possam providenciar seu próprio suprimento de água e

esgoto, sob a condição de que não causem problemas em outras partes do sistema.

As cidades freqüentemente captam água fora de seus limites administrativos e descarregam seus despejos a jusante, afetando deste modo a outros usuários.

Reduzir os riscos

O número de vítimas dos diversos desastres naturais aumentou de 147 a 211 milhões por ano entre 1991 e 2000. No mesmo período, mais de 665.000 pessoas morreram em 2.557 desastres naturais, dos quais mais de 90% tiveram relação com a água. Destes últimos, as inundações representaram a redor de 50%, as enfermidades transmitidas pela água e por vetor 28% e as secas 11%.

As inundações causaram 15% de vítimas e as secas 42% das perdas de vidas humanas causadas por todo tipo de desastres naturais. As perdas econômicas derivadas das catástrofes naturais aumentaram de US$ 30.000 a 70.000 milhões.

Unidos entre 1990 e 1999. Estas cifras subestimam a verdadeira magnitude das perdas, que são provavelmente duas ou mais vezes maiores.

As secas, cujo começo é lento, são também causa de importantes perdas humanas e sócio-econômicas. Freqüentemente se atribuem à falta de distribuição de água, de conhecimentos técnicos, de recursos humanos e de capital nas regiões mais pobres. As medidas de mitigação podem incluir a modificação das práticas quanto ao uso da terra, a irrigação graças a poços ou

represas, os planos de seguros das colheitas, os programas de ajuda, a proteção dos usuários prioritários, etc.

As medidas a mais longo prazo incluem a mudança do tipo de cultivos, a construção de represas, e o reforço da segurança a nível local e familiar e, se necessário, inclusive o translado de a população. A previsão climática, estacional e a longo prazo progrediu nos últimos anos, facilitando a adoção de medidas de gestão das secas.

Desastres hidrometeorológicos (inundações e secas) duplicaram desde 1996. As pessoas muito pobres, os idosos, as mulheres e as crianças

são os mais atingidos. Visto que a população das terras marginais é cada vez maior, o risco de inundação ou seca vem aumentando progresivamente.

A falta de preparação ante o desastre e de métodos eficazes de mitigação de seus efeitos se faz sentir no mundo inteiro. A razão disso está em que a redução de riscos não constitui uma parte integrante da gestão dos recursos hídricos, considerada principalmente como um problema

técnico não relacionado com os fatores que obrigam as populações a se instalar em zonas de risco. Cabe também mencionar que a falta de vontade política tem contribuído notavelmente para o estado atual da situação.

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