Em busca da energia limpa

A Comissão Européia reuniu um grupo de especialistas no uso do hidrogênio como fonte de energia composto por representantes das principais empresas do setor automobilístico e de produção de energia, além de empresas públicas, institutos de pesquisadores e representantes políticos. Juntos devem conceber um plano e um programa de pesquisa sobre células de combustível e hidrogênio que permitam aproximar-se a uma economia energética baseada nesta fonte.

No Brasil a iniciativa também ganha adeptos e São Paulo larga na frente com a assinatura de um protocolo para um projeto que vai utilizar ônibus movido a hidrogênio.

O presidente da Comissão Européia, Romano Prodi, declarou que “se aproxima uma grande mudança para Europa. O hidrogênio não só reduzirá nossa dependência energética, mas também modificará profundamente o sistema sócio-econômico e criará grandes oportunidades para os países em desenvolvimento”.

Já a comissária de Transporte e Energia, Loyola de Palacio, acrescentou que “o hidrogênio associado a energias renováveis pode permitir uma utilização muito mais ampla”. O hidrogênio permite armazenar a energia, abrindo assim uma porta para superar as “limitações naturais” das energias limpas tradicionais, como a eólica ou a solar. Também o comissário de Pesquisa, Philippe Busquin, precisou que “com o fim de respeitar os acordos do protocolo de Quioto, ainda que os custos desta energia sejam hoje demasiados elevados, temos que nos pôr de acordo para que a Europa se posicione a favor deste tipo de energia duradoura”.

De Palacio apontou que o potencial desta tecnologia deve permitir que, em 2020, o setor automobilístico fabrique entre 10 e 25% dos veículos adaptados para poder utilizar células de combustível, contribuindo assim ao objetivo de substituição, nessa data, 20% de combustível fóssil para locomoção por fontes alternativas.

O vice-presidente de Pesquisa da Renault, Pierre Beuzit, considerou este prognóstico de “bastante otimista”, ressalvando porém que “em 2020, as células de combustível estarão nas ruas”. Em sua opinião o desenvolvimento das aplicações começará em 2010, mas “dependerá de fatores como a disponibilidade do hidrogênio. Atualmente, um carro com esta tecnologia custaria entre 10 e 100 vezes mais do que um tradicional, com motor a gasolina ou óleo diesel”.

O comissário europeu de Pesquisa, Philippe Busquin, informou que os investimentos europeus em pesquisa sobre o hidrogênio estão entre 50 e 60 milhões de euros, sendo “1/3 do que investem os Estados Unidos, e ¼ do que é aplicado pelo Japão”. Além disso, na Europa se tratam de ações dispersas, enquanto nos Estados Unidos 180 milhões de euros são destinado a somente dois programas, e o Japão planejou um programa de 28 anos (1993-2020).

O V Programa Marco de Pesquisa da UE (1999-2002) dedicou 120 milhões de euros à pesquisa do hidrogênio e células de combustível. No VI Programa Marco (2003-2006), esta atividade se incluirá no capítulo “Desenvolvimento sustentável, mudança mundial e ecossistemas”, para o qual serão destinados 2,1 bilhões de euros.

São Paulo na vanguarda

O Governador Geraldo Alckmin visitou, dia 1º de novembro, a Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos (STM). Além do anúncio do início da implantação de um trecho do Anel Viário Metropolitano, na ocasião foi assinado um protocolo de intenção entre o Governo do Estado de São Paulo e o Ministério de Minas e Energia, para implantação do Projeto de Ônibus com Célula a Combustível Hidrogênio. O convênio para execução do projeto foi assinado pela EMTU/SP e o Ministério de Minas e Energia.

O Projeto de Ônibus com Célula a Combustível Hidrogênio está sendo desenvolvido pela Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos – EMTU/SP (vinculada à STM) e pelo Ministério de Minas e Energia, contando com a participação do Ministério de Ciências e Tecnologia, através da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do Global Environmental Facility (GEF).

O projeto prevê a implantação de oito ônibus com célula a combustível hidrogênio, no Corredor Metropolitano São Mateus – Jabaquara, durante quatro anos, período em que os veículos percorrerão 1 milhão de quilômetros. Os principais objetivos são reduzir a emissão de poluentes e obter conhecimento desta nova tecnologia, colocando o Brasil em posição de destaque, devido ao seu mercado potencial. Além disso, será possível desenvolver essa tecnologia no Brasil junto às operadoras, fabricantes e universidades.

Para esta experiência estão destinados recursos (a fundo perdido) de cerca de US$ 12,5 milhões, provenientes do GEF, com contrapartida de R$ 8 milhões do Governo Federal. A previsão é que, até o final deste ano, o PNUD realize a licitação para a compra dos veículos. A entrega do primeiro ônibus deverá ocorrer no final de 2002.

Fonte: http://www.emtusp.com.br/hidrogenio1.htm

Leia também: Ônibus a hidrogênio em Saiba+

Por que o Brasil?

O projeto brasileiro foi escolhido pelo PNUD/GEF em função de alguns aspectos importantes:

Aspectos Econômicos

O Brasil é uma economia emergente

Os ônibus possuem papel importante no transporte urbano brasileiro

O Brasil é o maior mercado e o maior produtor (19.000 unidades/ano) mundial de ônibus

A frota de ônibus na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) é a maior concentração no mundo.

Aspectos Ambientais

São Paulo tem um dos maiores problemas de poluição mundial;

Veículos motorizados são responsáveis por 90% das emissões de poluentes na atmosfera;

A maioria dos ônibus é com motores a diesel com alta emissão de NOx e particulados;

Há várias fontes de hidrogênio em potencial no Brasil;

O Brasil é líder na redução de GHG através do uso de energia hidroelétrica e do etanol .

Workshop

O 1º Workshop Internacional de Células a Combustível será realizado no dia 31 de outubro de 2002. O evento, que está sendo organizado pelo Centro Nacional de Referência em Energia do Hidrogênio, acontecerá no Salão 1 do Centro de Convenções da UNICAMP, Campinas/SP, em paralelo ao AGRENER – 4º Encontro de Energia no Meio Rural. (www.unicamp.br/nipe/agrener2002).

O objetivo é verificar o estado da arte e as tendências em células a combustível no Brasil e no mundo. O evento também visa estreitar os laços entre o meio acadêmico, governo e empresas brasileiras com projetos de P&D e aplicações de células a combustível, objetivando o intercâmbio de idéias sobre perspectivas, financiamentos e oportunidades para essa tecnologia.

O workshop contará com a participação de pesquisadores estrangeiros que darão uma visão do estado da arte e dos programas de desenvolvimento da tecnologia de células a combustível no mundo. Estarão presentes também vários especialistas brasileiros vindos de universidades, centros de pesquisas, empresas, fundos setoriais e governo, que mostrarão o estágio de desenvolvimento e as perspectivas da tecnologia no Brasil.

O programa completo e a ficha de inscrição do 1º Workshop Internacional de Células a Combustível estão disponíveis no endereço: www.ifi.unicamp.br/ceneh/programa.

Banco do Brasil

A Fundação Banco do Brasil também aderiu à reciclagem através do Programa Bio consciência que busca disseminar práticas ambientais de racionalização e reutilização de recursos naturais, com ênfase na formação de uma nova consciência no consumo desses recursos. Na primeira fase do programa está previsto o estímulo à implantação de coleta seletiva nos municípios brasileiros.

Leave a Reply

Your email address will not be published.