Grande parte do empresariado quer desenvolvimento sustentável

A Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+10, de 26 de agosto a 4 de setembro próximo, realiza-se sob um cenário mundial menos favorável à cooperação do que há 10 anos, quando os líderes mundiais reuniram-no no Rio de Janeiro, na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Eco-92. Porém, diante do fracasso no cumprimento de numerosas propostas aprovadas no evento do Brasil, a Rio+10 tem como principal desafio criar mecanismos para financiar propostas de desenvolvimento sustentável.

Para empresários, representantes do Terceiro Setor e lideranças de entidades de classe do Brasil, é necessário muito foco nessa questão e na erradicação da miséria, condição essencial para a solução dos problemas ecológicos e redução das disparidades regionais do Planeta.

“Não há política ambiental eficiente sem a erradicação da miséria”

Essa afirmação é de Sergio Amoroso, presidente do Grupo Orsa e criador da Fundação Orsa, que realiza mais de 700 mil atendimentos anuais de crianças e adolescentes em situação de risco pessoal. Ele lembra que aquela frase foi a síntese de todo o conteúdo da ECO-92, estabelecendo diretrizes e compromissos — boa parte deles não cumprida — para uma relação mais adequada entre a sociedade humana e o meio ambiente.

Redução da dívida social, inclusão de milhões de brasileiros nos benefícios da economia e preservação ambiental são três desafios convergentes, cuja interseção constitui-se na solução macro para o desenvolvimento nacional segundo o empresário. Ele cita que a preocupação com a ecologia pode ser constatada num importante indicador: os negócios relativos à preservação ambiental crescem na faixa de 20% a 50% ao ano no País. “Os clientes que predominam nesse mercado são empresas industriais, cada vez mais preocupadas em evitar que sua atividade polua o ambiente e agrida as comunidades nas quais estão inseridas” afirma.

O secretário de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo do Estado de São Paulo e presidente do Instituto Roberto Simonsen, Ruy Martins Altenfelder Silva, lembra que o documento síntese da Eco-92, a Agenda 21, estabeleceu novos parâmetros para a relação entre produção, exploração dos recursos naturais e distribuição dos benefícios da economia, consolidando o conceito de desenvolvimento sustentado. Na tentativa de viabilizá-lo, numerosos acordos e recomendações foram aprovados, dentre eles a Convenção Climática, o Tratado das Florestas e o compromisso de erradicação da miséria, sem a qual, conforme consenso dos especialistas mundiais, é impossível realizar com sucesso qualquer política ecológica.

“Agora, na Rio+10, é importante resgatar os compromissos assumidos na Eco-92, pois a grande maioria das deliberações não está sendo cumprida, salienta Altenfelder, exemplificando: “A Convenção Climática, referendada pelo Protocolo de Quioto (Japão, 1997), visava reduzir a emissão dos gases causadores do aquecimento da Terra. Todos conhecem a posição contrária recentemente adotada pelos Estados Unidos, responsável por quase um quarto das emissões mundiais de gás carbônico. Posição, aliás, encampada pelo Canadá”.

Florestas

O secretário de C&T de São Paulo lembra que “o Tratado das Florestas também não apresenta resultado prático. Depois de séculos de devastação, dos 62,2 milhões de km² da cobertura vegetal do Planeta, restam somente 33,4 milhões. As florestas remanescentes estão na Zona Boreal da Federação Russa e do Canadá, no Congo e na Amazônia. Tudo indica que sua preservação está longe de ser garantida”.

Desmatamento

No Brasil, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), ocorre desmatamento médio anual de 22 mil quilômetros quadrados, o equivalente à área do Estado de Sergipe. Na África, México e Argentina, embora menor em números absolutos, o desmatamento é superior, em termos percentuais, ao verificado em território brasileiro..

Resíduo Zero

Desde a última Segunda-feira (26/08) uma equipe de especialistas da Resíduo Zero estão treinando 700 voluntários, pessoal de limpeza e fornecedores para a redução do lixo do Fórum da Sociedade Civil, paralelo à Cúpula da Terra. O mais longo evento da Cúpula estima receber cerca de 30 mil pessoas.

Um extenso manual de Resíduo Zero (disponível em inglês em: www.earthlife.org.za) foi produzido para treinar o pessoal da manutenção. “Os voluntários estarão nas estações de reciclagem para orientar os participantes sobre o destinado do lixo por eles produzido e seu potencial de reciclagem”, disse Muna Lakhani, coordenadora da equipe da Earthlife Africa, em Johannesburg.

A Earthlife Africa é uma ONG de voluntário atuando na África do Sul desde 1988. GAIA é uma aliança internacional trabalhando pela redução dos resíduos com 255 membros em mais de 55 países. Para mais informações: www.earthlife.org.za

e www.no-burn.org.

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