O texto que reproduzimos abaixo reflete o pensamento de todos que trabalhamos com a água. Por isso esse espaço é ocupado hoje por Alberto Palombo, um especialista no tema.
“Hoje é um dia muito importante para nós, os que trabalhamos com água todos os dias. Verdadeiramente, para muitos de nós, o Dia da Água é todo dia. Provavelmente, fui longe demais, pois hoje saí à rua para trabalhar vestido inteiramente de azul! Somente para ilustrar o ponto.
Mas, agora a sério, deveríamos nos perguntar:
E os outros?
Será que nossos vizinhos e os pais dos amigos de nossos filhos sabem que hoje é o Dia da Água?
Temo que ficaríamos surpresos com o tremendo desconhecimento sobre nossa
celebração. E, provavelmente, nossa melhor ação samaritana de hoje seria nos comprometermos a conversar sobre a importância da água para toda forma de vida conhecida hoje em dia. Poderia ser com qualquer pessoa que encontrássemos pela rua. Inclusive aqueles que sabem que hoje é o Dia da Água necessitam saber que não estão sós em sua preocupação pelo futuro de seus filhos.
Ainda não sabe como abordar o tópico? Por exemplo, me ocorre que a esse passo, a capacidade de nossos filhos em satisfazer sua sede será mais complicada do que a nossa.
Reunião após reunião, os profissionais da água apontam para diferentes causas da degradação de nossos rios, terras úmidas, manguezais, fiordes e oásis. Todos eles, com notáveis exceções de alguns desastres naturais, têm suas raízes nas atividades antrópicas. Mas as respostas são tão abstratas que uma forma através da qual podemos mitigar os problemas da água é precisamente falando deles.
E pode ser que, depois de tanto conversar, possamos ajudar a mudar as atitudes e reconhecer os limites que a natureza impõe às nossas indústrias, modo de vida e benefício econômico. De outra forma, estaríamos lucrando com os direitos de água
de nossos filhos.
Desde a Rio-92, até Johannesburg 2002, a água tornou-se foco de atenção devido ao melhor entendimento de nosso entorno. A boa notícia é que estamos andando a passos largos para chegar até à gente que deve preocupar-se pela água, que somos todos. CNN, National Geographic e milhares de televisores locais estão chegando às escolas de nossas comunidades e falando do tema: Como proteger nossas águas. Pelo menos,nossos filhos evoluirão, ano após ano, dentro de uma “cultura de água” para a qual todos devemos contribuir e começar a formar parte desde hoje. Estou esperançoso de que os vizinhos de meus filhos, no futuro, celebrem o Dia da Água todos os dias em cada gole que tomem para abrandar sua sede. Então, depois de toda esta conversa, já está com sede?
Alberto J. Palombo, Coordenador para América do Sul – CATHALAC- Brasília, Brasil – apalombo@cathalac.org
A Vez dos Leitores
Direitos desrespeitados I
Há muitos anos, diversos Municípios do Estado do Paraná celebraram ‘Contrato de Concessão para exploração dos serviços públicos de abastecimento de água e remoção de esgotos sanitários’ com a ‘Companhia de Saneamento do Paraná – Sanepar’. Um dia desses, tive a oportunidade de vislumbrar um dos contratos fixando, dentre outros, o dever de estudar, projetar e executar as obras relativas à construção, ampliação ou remodelação dos sistemas públicos de abastecimento de água potável e de esgotos sanitários; o dever de operar, manter, conservar e explorar os serviços de água potável e de esgotos sanitários; etc.(Continua na coluna da direita)
Hélder Gonçalves Dias Rodrigues – advogado – Ibaiti, Paraná.
A Vez dos Leitores
Direitos desrespeitados II
Acontece que grande parte dos Municípios paranaenses não possuem 100% (cem por cento) de água e esgotos tratados, o que é inadmissível frente ao atual estágio do direito e das necessidades humanas e de outras inúmeras formas de vida, ocasionando, assim, uma verdadeira afronta ao mais básico dos fundamentos do nosso Estado de Direito que sobreleva a dignidade da pessoa humana (art. 1.º, III, CF). Ao que parece, a observância de princípios como os citados legalidade, impessoalidade, moralidade e eficiência, no que se refere ao aspecto contratual e aos deveres do Estado, foram observados, mais fortemente de forma pública, no tocante ao item “emitir, fiscalizar e arrecadar as contas dos serviços que prestar” (também, obrigação contratual).
Por isso sugerimos que todos os Municípios do Estado do Paraná e do País que possuem contratos semelhantes ingressem com ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente contra os municípios e qualquer empresa que executar este serviço, objetivando, urgentemente, sejam distribuídos 100% (cem por cento) de água e oferecidos serviços de esgotos tratados para as residências e estabelecimentos situados no Perímetro Urbano, Vilas, Bairros e Distritos (e onde mais houver consumo e pagamento por água tratada). Salvando nossas Águas (nossa Saúde e o Meio Ambiente) poderemos explorá-la(os), equilibradamente, colhendo seus frutos, praticando esportes, gerando oportunidades e riquezas, capazes de contribuir para erradicar a pobreza e a marginalização, reduzindo desigualdades sociais. Atenciosamente.
Hélder Gonçalves Dias Rodrigues – advogado – Ibaiti, Paraná.
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