Água – fator de desenvolvimento

A celebração do Dia Mundial da Água – 22 de março de 2002 – oferece a oportunidade de sensibilizar a opinião pública a respeito das múltiplas questões relacionadas com a água e o desenvolvimento.

Um elemento crucial para examinar estas questões e sustentar os recursos de água da Terra é aprofundar nossos conhecimentos sobre estes recursos, melhorar as práticas de uso (em particular na agricultura) e desenvolver novas tecnologia. O Organismo Internacional de Energia Atômica (OIEA), órgão coordenador das Nações Unidas para o Dia Mundial da Água de 2002, presta assistência direta aos Estados- Membros para que possam resolver seus problemas na esfera da água e desenvolvimento com a ajuda das ciências nucleares.

A água é a origem da vida, da qual derivaram formas simples de plantas e animais que, por sua vez, foram a semente de todos os seres vivos que existem sobre a Terra. A civilização humana prosperou às margens dos rios Nilo, no Egito; Tigre-Eufrates, na Mesopotâmia; Indo, na Índia setentrional (hoje Paquistão), Yang-tse e Amarelo, na China.

A água se desloca em uma complexa dança entre o mar, o ar e a terra e se denomina ciclo hidrológico à grande pulsação da água, isto é, à transpiração das folhas das árvores e à evaporação dos oceanos e lagos, de rios e águas subterrâneas e da água da chuva. Esta circulação regula o sistema do planeta desde um ponto de vista físico, químico e biológico e é um fluído impulsor da geoconvecção atmosférica.

A evaporação e condensação da água proporcionam a energia que guia a atmosfera da Terra, gera a circulação oceânica e redistribui a energia solar absorvida. A água é gás de efeito-estufa mais importante e modera a temperatura do planeta, ao determinar as condições meteorológicas e o clima. É, além disso, um elemento vital para todas as forma de vida na Terra.

Sem água, que representa mais de 60% da peso corporal, os seres humanos apenas conseguem sobreviver três dias

Entendendo o recursos água

O OIEA dá seu apoio ao desenvolvimento de uma capacidade que permita compreender melhor o ciclo da água mediante a aplicação de uma hidrologia isotópica com emprego de métodos nucleares. A água muda constantemente de forma, ao passar do estado líquido ao gasoso ou ao sólido. Se torna muito complexo avaliar com exatidão o volume de água doce armazenada na Terra. Um componente de importância crítica nesta tarefa consiste em determinar como se renovam os suprimentos de água, como se originam e quanto duram os recursos de água subterrânea.

Cada gota de água contém informação suscetível de ser lida, de modo que é possível entender melhor as mudanças climáticas e enfrentar o problema de proporcionar acesso à água potável a uma população mundial crescente sem que por outro lado isto signifique deixar de proteger os recursos da Terra.

As ciências nucleares podem identificar distinções entre eles valendo-se da espectrometria de massas para “pesá-los”. Tanto o hidrogênio como o oxigênio, que são os elementos constitutivos da água, contêm principalmente isótopos ligeiros. Quando a água dos oceanos evapora, os isótopos mais pesados se condensam primeiro e caem em forma de chuva antes dos demais. É nos oceanos onde se gera a maior parte do vapor de água na atmosfera. Por conseguinte, quando mais distante da costa seja a precipitação, menor será a quantidade de isótopos pesados que conterá. No entanto, quando o vapor de água se condensa em forma de chuva, a que primeiro cai é a água com os isótopos mais pesados; à medida que a precipitação vai se distanciando do oceano, vai diminuindo a concentração de isótopos mais pesados.

Em cada etapa da ciclo hidrológico, se registra uma pequena mudança consistente em uma diferença na concentração de isótopos de oxigênio e hidrogênio na água que é tão singular e única como uma impressão digital. Os isótopos dos contaminantes, como traços de metais ou compostos químicos dissolvidos na água, também oferecem pistas sobre suas origens. A imagem resultante permite aos hidrólogos traçar mapas das fontes de água subterrânea; por sua vez, os climatólogos podem reunir dados mais confiáveis sobre a evolução climática e manterem-se alertas à repercussão de eventos futuros em um momento em que se produz o aquecimento da Terra.

Importância das reservas

Os responsáveis pela gestão da água centram cada vez mais sua atenção nas águas subterrâneas como fonte para satisfazer as necessidades de consumo humano. Entretanto, um sistema de água subterrânea pode ser um labirinto complexo e ignorado que permanece escondido nas profundezas da Terra. Quando os hidrólogos encontram uma fonte subterrânea, necessitam saber se a água se tornará salgada ou se existe um risco de contaminação. Têm que determinar, além disso, o volume sustentável de uso.

Em certos casos, a água subterrânea é uma reserva fóssil, ou paleoágua, um legado de um período de precipitação na história da Terra, para a qual não há reposição uma vez que se esgota. A hidrologia isotópica pode proporcionar as mesmas respostas que as ferramentas tradicionais, tais como os registros de longo prazo.

Boa leitura!

Cecy Oliveira – editora

Radiografando a água

A hidrologia isotópica é uma aplicação das ciências nucleares desenvolvida no século XX que encerra a chave para decifrar o código da água. Nas fases de evaporação e condensação, a concentração de isótopos de oxigênio e hidrogênio em uma molécula de água sofre pequenas mudanças. Como resultado disto, em diferentes etapas do ciclo hidrológico a água fica marcada, de maneira natural, com pegadas isotópicas que variam em função da história de uma massa de água em particular e de sua trajetória pelo ciclo hidrológico. São denominados isótopos os átomos de um elemento que são quimicamente idênticos e fisicamente diferentes. Os isótopos oferecem a possibilidade de abarcar períodos prolongados de fenômenos meteorológicos de milhares de anos de duração. Suas pegadas ficam preservadas onde quer que se registra o ciclo da água, em sedimentos de oceanos e lagos, nas marcas anelares das árvores, em glaciares e calotas polares, em depósitos em cavernas e em águas subterrâneas.

Oferta X Demanda

Durante o século XX, a população mundial triplicou e o consumo de água aumentou seis vezes. Na atualidade, uma em cada cinco pessoas carece de acesso a serviços de abastecimento de água saudável e apta para o consumo a preços módicos e, a menos que se aproveite melhor este recurso, o mais tardar em 2025 mais da metade da população mundial não terá água doce suficiente. Não se sabe com certeza que quantidade de água deve permanecer nos ecossistemas da Terra para mantê-los, ainda que haja indícios que alertam que em muitos casos já foi utilizado o volume de água que é possível desviar.

A Vez dos Leitores

ISE

Vocês publicaram uma notícia sobre o ISE (Índice de Sustentabilidade Ambiental), no qual o Brasil se encontrava em 20º lugar e o Uruguai em sexto… Eu gostaria de saber, se possível for, em qual posição se encontra o maior contribuidor do efeito estufa, os EUA? Obrigado

vini_himura@bol.com.br

Nota da Redação:

Os Estados Unidos ocupam o lugar 45º nesta listagem.

Link para Águaonline

Eu sou assessor em qualidade da água do Centro Pan-americano de Engenharia

Sanitária e Ciências do Ambiente da Organização Pan-americana da Saúde com

sede em Lima, Peru. Atualmente, estamos desenvolvendo uma Biblioteca Virtual

em Saúde e Ambiente – Qualidade da Água – que é consultada por profissionais

na América Latina e no Caribe. Temos visitado sua página web (http://www.aguaonline.com.br) e temos encontrado informação valiosa para a nossa pesquisa. Por conseguinte, gostaríamos de receber a sua autorização para incluir na nossa página web os links que referem à sua página, mantendo o conteúdo textual da informação e os créditos correspondentes. Atenciosamente. Eng. Felipe Solsona – Assessor em Qualidade da Água – e-mail:fsolsona@cepis.ops-oms.org- http://www.cepis.ops-oms.org.

Leave a Reply

Your email address will not be published.